Finanças do Vasco: dívida bilionária, recuperação judicial e incertezas

O Vasco vive um dos momentos financeiros mais delicados do futebol brasileiro. O balanço mais recente, divulgado em julho, mostra dívida total de R$ 1,2 bilhão e receita recorde de R$ 474 milhões, mas o endividamento continua pressionando o caixa e colocando o futuro da SAF sob vigilância da Justiça.
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A crise teve início com a inadimplência da 777 Partners, que deixou de cumprir os aportes previstos no acordo de 2022. Desde então, a gestão de Pedrinho assumiu o controle do futebol e conduziu o clube à recuperação judicial, aprovada em assembleia de credores em outubro de 2025.

Autorizada pela Portaria SPA/MF Nº 2.090, de 30 de dezembro 2024 | +18 | Publicidade | T&C Aplicam-se | Jogue com Responsabilidade.
A recuperação judicial, aprovada em assembleia de credores em outubro, tornou-se a principal ferramenta de sobrevivência da SAF. O plano abrange 218 credores, com 155 adesões voluntárias e R$ 47 milhões em créditos trabalhistas já renegociados. A medida busca reorganizar o fluxo de pagamentos e garantir fôlego.
Em 2025, o faturamento total deve fechar o ano em torno de R$ 500 milhões, sustentado por vendas de atletas, premiações e aumento de receitas de bilheteria. O avanço é modesto diante da dívida acumulada.
A diretoria afirma que o foco tem sido preservar o caixa e renegociar contratos de patrocínio e TV. O objetivo é chegar a 2026 com fluxo financeiro previsível, após a conclusão das rodadas de mediação com credores conduzidas pela FGV.
Internamente, a SAF trata o momento como “fase de sobrevivência controlada”, enquanto busca novos investidores para garantir estabilidade a partir do próximo ano.
Recuperação judicial e impasses na Justiça
A recuperação judicial do Vasco foi instaurada em 2024 e aprovada em assembleia de credores em outubro de 2025. O processo permite que o clube renegocie suas dívidas sob supervisão da Justiça e evita a paralisação das atividades da SAF.
O plano define regras específicas para cada tipo de débito, incluindo trabalhistas, fornecedores e pequenas empresas. As negociações foram conduzidas com apoio da FGV e consultores financeiros contratados pela diretoria.
Ao todo, 218 credores foram formalmente contatados, e 155 aceitaram os termos. Na classe trabalhista, R$ 47 milhões foram renegociados, o que representa 52% do total de credores dessa categoria.
Apesar da aprovação, o processo enfrenta impugnações na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Ex-jogadores como Wendel, maior credor individual (cerca de R$ 20 milhões), e Valdir Bigode contestam a condução da assembleia e alegam tratamento desigual entre credores.
O Banco Bradesco também se opôs, questionando cláusulas de novação e supressão de garantias. A análise dessas contestações ainda pode atrasar a homologação final do plano, embora o clube afirme ter seguido todos os ritos legais.
Receitas recordes e aumento de custos
Mesmo em recuperação judicial, o Vasco tenta manter as operações equilibradas até o fim de 2025. As receitas recorrentes como TV, bilheteria e patrocínios têm sido suficientes apenas para cobrir custos imediatos, enquanto as negociações com credores seguem em andamento.
O clube ainda não divulgou balancete, mas os índices apontam para um cenário de estabilidade limitada. O fluxo de caixa é curto e há dependência das entradas previstas para 2026.
A expectativa é que os primeiros efeitos do plano de recuperação comecem a ser percebidos apenas no início do próximo ano. Além disso, a venda de atletas, em especial um possível negócio de Rayan, podem dar um raro alívio financeiro ao clube, ou ao menos acelerar a recuperação.
Execução do plano de recuperação
A gestão de Pedrinho considera o acordo aprovado em outubro um passo decisivo para reorganizar o passivo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. O plano estabelece prazos e condições de pagamento para credores trabalhistas, fornecedores e bancos, além de prever descontos significativos nas dívidas de menor valor.
Até o início de novembro, mais de 150 credores haviam aderido às condições propostas, incluindo grande parte das pendências trabalhistas. O clube trata o cumprimento dessas metas como prioridade e busca recuperar credibilidade no mercado para destravar novos patrocínios em 2026.
Perspectiva do Vasco para 2026
Mesmo com a aprovação judicial, o cenário financeiro do Vasco continua delicado. O Conselho Fiscal reconhece que o clube ainda opera sem margem de investimento e depende da homologação final do plano.
A diretoria entende que a entrada de novos investidores na SAF é fundamental para reforçar o caixa. Contudo, qualquer negociação depende de autorização judicial e só poderá ocorrer após o início da execução do plano de recuperação.
Enquanto isso, o clube aposta em aumento gradual das receitas com bilheteria e direitos de transmissão, além da retomada de acordos comerciais paralisados durante o processo. A sustentabilidade, porém, depende da execução completa das etapas do plano, controle rígido das despesas e investimentos.











