Finanças do Vasco: dívida bilionária, recuperação judicial e incertezas

Atualizado: 08/11/2025, 11:41
Presidente do Vasco, Pedrinho concede entrevista coletiva em São Januário

O Vasco vive um dos momentos financeiros mais delicados do futebol brasileiro. O balanço mais recente, divulgado em julho, mostra dívida total de R$ 1,2 bilhão e receita recorde de R$ 474 milhões, mas o endividamento continua pressionando o caixa e colocando o futuro da SAF sob vigilância da Justiça.

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A crise teve início com a inadimplência da 777 Partners, que deixou de cumprir os aportes previstos no acordo de 2022. Desde então, a gestão de Pedrinho assumiu o controle do futebol e conduziu o clube à recuperação judicial, aprovada em assembleia de credores em outubro de 2025.

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A recuperação judicial, aprovada em assembleia de credores em outubro, tornou-se a principal ferramenta de sobrevivência da SAF. O plano abrange 218 credores, com 155 adesões voluntárias e R$ 47 milhões em créditos trabalhistas já renegociados. A medida busca reorganizar o fluxo de pagamentos e garantir fôlego.

Em 2025, o faturamento total deve fechar o ano em torno de R$ 500 milhões, sustentado por vendas de atletas, premiações e aumento de receitas de bilheteria. O avanço é modesto diante da dívida acumulada.

A diretoria afirma que o foco tem sido preservar o caixa e renegociar contratos de patrocínio e TV. O objetivo é chegar a 2026 com fluxo financeiro previsível, após a conclusão das rodadas de mediação com credores conduzidas pela FGV.

Internamente, a SAF trata o momento como “fase de sobrevivência controlada”, enquanto busca novos investidores para garantir estabilidade a partir do próximo ano.

Recuperação judicial e impasses na Justiça

A recuperação judicial do Vasco foi instaurada em 2024 e aprovada em assembleia de credores em outubro de 2025. O processo permite que o clube renegocie suas dívidas sob supervisão da Justiça e evita a paralisação das atividades da SAF.

O plano define regras específicas para cada tipo de débito, incluindo trabalhistas, fornecedores e pequenas empresas. As negociações foram conduzidas com apoio da FGV e consultores financeiros contratados pela diretoria.

Ao todo, 218 credores foram formalmente contatados, e 155 aceitaram os termos. Na classe trabalhista, R$ 47 milhões foram renegociados, o que representa 52% do total de credores dessa categoria.

Apesar da aprovação, o processo enfrenta impugnações na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Ex-jogadores como Wendel, maior credor individual (cerca de R$ 20 milhões), e Valdir Bigode contestam a condução da assembleia e alegam tratamento desigual entre credores.

O Banco Bradesco também se opôs, questionando cláusulas de novação e supressão de garantias. A análise dessas contestações ainda pode atrasar a homologação final do plano, embora o clube afirme ter seguido todos os ritos legais.

Receitas recordes e aumento de custos

Mesmo em recuperação judicial, o Vasco tenta manter as operações equilibradas até o fim de 2025. As receitas recorrentes como TV, bilheteria e patrocínios têm sido suficientes apenas para cobrir custos imediatos, enquanto as negociações com credores seguem em andamento.

O clube ainda não divulgou balancete, mas os índices apontam para um cenário de estabilidade limitada. O fluxo de caixa é curto e há dependência das entradas previstas para 2026.

A expectativa é que os primeiros efeitos do plano de recuperação comecem a ser percebidos apenas no início do próximo ano. Além disso, a venda de atletas, em especial um possível negócio de Rayan, podem dar um raro alívio financeiro ao clube, ou ao menos acelerar a recuperação.

Execução do plano de recuperação

A gestão de Pedrinho considera o acordo aprovado em outubro um passo decisivo para reorganizar o passivo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. O plano estabelece prazos e condições de pagamento para credores trabalhistas, fornecedores e bancos, além de prever descontos significativos nas dívidas de menor valor.

Até o início de novembro, mais de 150 credores haviam aderido às condições propostas, incluindo grande parte das pendências trabalhistas. O clube trata o cumprimento dessas metas como prioridade e busca recuperar credibilidade no mercado para destravar novos patrocínios em 2026.

Perspectiva do Vasco para 2026

Mesmo com a aprovação judicial, o cenário financeiro do Vasco continua delicado. O Conselho Fiscal reconhece que o clube ainda opera sem margem de investimento e depende da homologação final do plano.

A diretoria entende que a entrada de novos investidores na SAF é fundamental para reforçar o caixa. Contudo, qualquer negociação depende de autorização judicial e só poderá ocorrer após o início da execução do plano de recuperação.

Enquanto isso, o clube aposta em aumento gradual das receitas com bilheteria e direitos de transmissão, além da retomada de acordos comerciais paralisados durante o processo. A sustentabilidade, porém, depende da execução completa das etapas do plano, controle rígido das despesas e investimentos.


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Matheus Celani
Autor
Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pr futebol, vôlei e esportes olímpicos.